Erik Poppe dirige Juliette Binoche (Rebecca, a mulher) contra Nikolaj Coster Waldau (Marcus, o marido) lançando-os num vórtice, em que o centro das rotações é dominado pelo amor recíproco e pelo desamor.
O amor está lá , como ponto de partida.
Mas de onde surge o ódio, a raiva ?
À semelhança de Poppe na vida real, Rebbeca é repórter de guerra na ficção , no filme.
Rebecca é uma mulher interiormente livre e usa o seu gosto pessoal pela liberdade a favor da criação artística, em benefício das impressionantes fotografias de guerra que faz, a favor das vítimas , seres pobres, sem pátria ou religião real, fotografias que usa para denunciar as situações aí envolvidas.
No primeiro conflito de guerra , em Cabul, segue uma mulher bomba, uma mártir islâmica que acaba por se detonar num mercado, gerando uma cena de grande horror.
Sendo a mulher um ser oprimido , mais nestas sociedades islâmicas que nas ocidentais cristãs ( talvez!) temos dificuldade em perceber como os homens, seus compatriotas, lhes atribuem, este posto tão valorizado, de mártires...
Já dentro do seu casamento, o marido, Marcus, coloca-se na primeira linha do seu repúdio, da mulher, atirando-a para fora de casa , como a um cão sarnoso, quando esta regressa ao lar vinda da Nigéria , de um campo de refugiados, por ter posto a sua, dela, segurança, incomensuravelmente, em risco....!!!
Na verdade, Marcus é muito piedoso e expulsa-a pelos melhores motivos: não ver as filhas de ambos a sofrer com a profissão de alto risco da mãe, Rebeca.
Depois de perder a família, uma segunda guerra, como vimos, Rebeca acaba por se perder a si própria, por perder o seu ímpeto de liberdade, ao confrontar-se, de novo, em Cabul com uma nova mulher- criança, bomba.
Sem coragem para voltar a sofrer o mesmo horror é engolida sendo a sua alma arrastada, no ralo das perdas imensas e reais da vida...
O corpo fica cá, cambaleante, de amargura, a sinalizar a maior das perdas, que é a de ficar vivo , em determinadas condições!
É um filme que mostra que a fragilidade desta mulher, como de muitas, é a sua força e vice-versa.
Uma agradável surpresa esta Rebeca!
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