sábado, 21 de junho de 2014

Qual deles é Albee?


Qual deles é Albee?


Albee, teatro nacional D. Maria II,«três mulheres altas»


FICHA ARTÍSTICA de Edward Albee tradução Marta Mendonça encenação Manuel Coelho cenografia F. Ribeiro figurinos Dino Alves desenho de luz José Carlos Nascimento música original José Salgueiro com Catarina Avelar, Inês Castelo-Branco, Paula Mora e José Neves assistência de encenação José Neves produção TNDM II


O drama:
Albee, ele próprio, como personagem entra em cena: olha para a mãe acabada de morrer (Catarina Avelar)  e fica  sentado no leito, mudo durante  toda a peça, de costas para nós.
Na mente do «autor – personagem» trespassa  a voz da mãe de Albee, num percurso recordatório: esta é a narrativa, onde cabem  as três personagens a mãe-velha , a mãe-madura e a jovem-mãe. Não é fácil.
Através  dele, do «autor-personagem»  « ouve-se»a voz  de cada uma das três.
Albee lembra a mãe, como mulher velha  e nós ouvimo-la a falar dos momentos felizes  da sua vida acabada, sobretudo dos infelizes, do sexo da sua vida, em que o seu  homem,o marido, é um Ser lá no fundo da realidade .

 Simbolicamente, o marido oferecer-lhe  uma jóia, uma pulseira pendurada  no  seu, o dele, órgão genital. Patético para ele e para o género masculino, em geral.

  Este acessório , a pulseira assume a centralidade da cena  que de potencialmente erótica passa  a ridícula.
A «outra mãe» , esta na maturidade dos  seus 52 anos, é irónica, troça das outras como como se nunca tivesse tido sonhos, contrastando com a mulher velha, já desligada do tempo mas sobretudo com a jovem, cheia   de sonhos,esta  um anjo diáfano e magro (Inês Castelo Branco) que deambula, vai deambulando….no palco.
As mulheres são na peça  a pátria  dos homens, seres estes sim, animados, voláteis, sem eira nem beira, segundo elas.
A peça acaba  como acaba irreversivelmente  a luz da vida , representada  no lustre a cair levemente sobre o chão do palco.

Neste momento, morrem as três mulheres que são afinal uma só, como sabemos.
A filosofia existencialista está bem simbolizada nesta luz cadente. A morte das mortes, sem mais nenhuma chance.

Parabéns a todos, especialmente a Manuel Coelho .

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Costa versus Seguro


Crónica  de uma morte anunciada: em exibição nas salas e casas de Lisboa e arredores, leia-se mundo.

Talvez arrastado pela ditadura de Seguro , António Costa faz politica genuinamente.  na praça pública, lugar privilegiado para observação  antropológica que é o que eu estou a fazer, nunca luta política.

António Costa já é o secretário geral de um partido agonizante

A  sua declaração de disponibilidade  corresponde ao grito de guerra ancestral.

 As sociedades , os grupos organizam-se em torno de um Totem , nunca dois, que  se destroem reciprocamente como inevitabilidade.

Seguro furta-se á luta, com pretextos democráticos, e nesse acto já anuncia a sua morte, pois os grupos não alimentam cobardes, o que seria um fardo.

Só a palavra  substitui a espada nunca um pedaço de papel, a  que chamam estatutos.

Visivelmente histérico, Seguro executa um ritual fúnebre face  aos media e é esse produto tóxico  que irá provocar a agonia e a morte da casa hospedeira dos dois antagonistas.

 O Partido irá morrer , se nada fizerem sendo a sua população redistribuída, o que não é dramático, mas a natureza das coisas.

O pai fundador , Soares, luta ....veremos o que se vai passar, se salva  a sua cria!




A ditadura de Ozon

Jovem e Bela, ozoN


Pergunto-me se Ozon terá feito  uma boa  escolha ao atirar a jovem Isabel, de 17 anos , linda, para  o terreno  das sedutoras  híper -profissionais, onde as Evas  deste mundo cumprem a destinação   bíblica da  sedução, em troca de  algo, depois  de inventado o dinheiro, a  troco deste.

A jovem Isabel não necessita de dinheiro, é uma burguesa, estudante da Sorbonne, mas necessita, sim de afeto, pelo que vai procurá-lo na prostituição, diz Ozon, através da personagem.

Afeto, essa coisa que os mamíferos encontram naturalmente, na natureza e que o homem, essa divindade inteligente e civilizada tem dificuldade, tanta, em encontrar ou reconhecer, na sociedade.

A jovem neste seu percurso  encontra  três clientes , através de um site, dois homens bastante idosos(posto de outra forma velhos!)   um deles,  cardíaco morre durante a "entrega sexual" : é este, afinal,  o dador de afecto à jovem, segundo a mesma.

O outro,  espantado com a juventude e beleza  desta , profere um  aforismo que reflecte uma sabedoria ancestral  “ Uma vez p... sempre p...” resumindo a maldição  bíblica... que o filme relembra.

É o modelo judaico cristão . 

Alem destes dois clientes idosos, Isabel encontra  ainda, um  jovem maníaco que Ozon ridiculariza.

Curioso: a jovem agradece sempre delicadamente, no fim de cada encontro. Agradece o quê? 

A família

Nessa busca  de afecto Isabel  sai , irreversivelmente, da família que aliás despreza, sem que, em concreto, saibamos  porquê.

Olhando para a mãe vemos uma mulher muito frágil, ora distante, ora chorosa. Olhando para o pai biológico, não existe . É tudo.Temos um padrasto protocolar.

Afinal Ozon, que pensar?

Quais os erros e pecados, daquela  família ?

Durante todo o filme Isabel exibe  uma família normal ,não disfuncional : apesar de tudo, uma mãe   calma, um padrasto respeitador, um irmão mais novo  muito próximo dela.



O que  Ozon pretende com o filme ?
i)Perpetuar artisticamente, a maldição bíblica da mulher, a Eva do início dos tempos, a Eva que se envolveu sexualmente com a serpente,representante do demónio.
À mulher ele (Deus) disse, punindo-a :

 “Multiplicando , multiplicarei tuas tristezas e gemidos .Na tristeza darás à luz filhos e te converterás  para teu marido e ele te dominará.”

Duríssimas palavras a ecoar através dos séculos.

Existe, no filme a intenção  do reforço  da  fatalidade ?

Sim, está lá : a mulher é   a    impura ao nível do Ser,hipócrita. com hipótese de sair deste estado lamentável  apenas e ironicamente “pelo parecer” que o diga a mulher de César .

ii)Inclino-me para  a explicação  freudiana, no caso a interpretação  moderna da personagem (“A civilização e seus descontentamentos ” texto de 1930, tradução de 2005, Livro de bolso, Europa-América) que é a seguinte :

 A tese de Ozon teria sido  demonstrar   a «necessidade de punição» da jovem, desejada por ela própria, por sentir intenções «pecaminosas» em relação  ao mundo, punição, aliás,  conseguida, com êxito,pela  pobre Isabel, ao ser descoberta. 

Passe a ironia, com aqueles clientes,o resultado  punitivo estava assegurado, dizemos nós,sempre.

iii)a ditadura de Ozon

Curiosamente há uma uma   cena, onde a personagem Isabel se agiganta e  ganha  uma densidade quase insuportável: 

quando, depois de descoberta, fala mansamente, na sala  com o padrasto;

a mãe , de repente, entra sala e surpreende um gesto, um toque entre ambos: o terror da mãe instala-se e domina. 

Ali, sim está o diabo.

O filme  vale por esta cena. Um segundo de bom cinema, nesta catástrofe que é o filme que explora dogmas. 

Nesta cena,  Ozon  mostra que a sua normalidade  é incompatível com outras.

Talvez o filme seja apenas isto:uma forma de ditadura, sem  explicação.Um filme estatutariamente blindado.









sábado, 26 de abril de 2014

Aranofsky

NOÉ DE ARONOFSKY



Aprendi a admirar Aronofsky, particularmente depois do Cisne Negro  (EUA,2010) obra que mereceu injustamente, duros reparos dos críticos portugueses.

Sem ironia, considero Aronofsky um erudito, neste tempo hipermoderno.

Darren Aronofsky : constam do currículo deste realizador filmes notáveis , entre outros,  Requiem for a dream, 2000, The Wrestler, 2008, Black Swan, 2010,de que já falamos.

Fomos ver Noé, o último filme do autor, em exibição em Portugal.

Que dizer?

Na ficha técnica estão os atores, todos sem reprimenda Anthony Hopkins Emma WatsonJennifer Connelly Kevin DurandMadison Davenport Russell Crowe, este no papel de Noé.

O realizador   transmite uma enorme força  na ação da sua personagem  central   Noé, Russel   Crowe, personagem bíblica,  Antigo Testamento ,  Livro do Génesis, naturalmente  associado ao dilúvio, momento em que  as águas   vindas do céu  inundaram a Terra e Noé, que  a mando de Deus com a família, navegou na  arca para salvar os animais da extinção por afogamento e morrer, ele próprio e os seus,  nesta missão.

Podemos entender que Aronofsky alterou os dados da história narrada na bíblia, afastando-se da letra, introduzindo acontecimentos criados por si ,  que não foram narrados  por Deus, o verdadeiro autor?

Sobrepôs-se à letra dos acontecimentos, a Deus, imaginem, mas a questão que importa saber sobre o novo Noé de Aronofsky   é   :

Aronofsky transgride o sentido do Noé divino?

O que Aronofsky fez foi uma síntese dos três principais personagens  do Livro do Génesis,   entre:

i)             o  verdadeiro Noé, o da Bíblia, o do dilúvio, acontecimento   que visava  castigar e punir o homem, representante do   Mal ,  figurado na   serpente, o veículo  e em Caim, o fruto.

ii)            Abraão, o que ia matar seu filho a mando de Deus, mas que se absteve no ato, 
não  por determinação do Criador que disso se arrependeu.

Personagens à parte, Aronofsky   apresenta  o dilúvio-acontecimento como  ele é narrado na bíblia, o castigo  que se segue  temporalmente à expulsão  do homem do jardim do Éden .

Nesta essencialidade ele respeita o sentido bíblico. As causas do (s) castigo (s) são as já conhecidas : a centralidade do homem na trilogia do Mal.

Com efeito: 

i)

Caim representa o Mal, sucedendo no tempo á serpente, que afinal o gerou, ou pelo menos ajudou a gerar, seduzindo Eva, no Jardim do Éden, a primeira Maldade, o sexo, como estamos lembrados, imediatamente antecedida pelo pecado da desobediência, a Maldição primordial, completando-se a trilogia do Mal.

O Deus bíblico, o Criador do mundo, ter-se-á arrependido de o ter criado, tendo desistido do homem, sua criação de eleição, pois este não fez por merecer o seu Deus, obedecendo-Lhe.

Com efeito, a criatura, o homem matou o seu irmão,  o homem o Mal encarnado: o episódio de Caim é central e recorrente no filme e expressa a centralidade  do Castigo, na lógica  da criação.

O filme recria a história do Mal, convinha não esquecer, com fidelidade, com emoção e com um raro sentido do sagrado.

Com efeito, o filme convoca a história primeira (de Deus, portanto) do Castigo do  Mal, da Maldade e da Maldição, o que é obra, sem transgredir o sentido bíblico, o que seria um mal menor.

Assim, o dilúvio é  o Castigo, a morte coletiva já que a morte individual tinha sido sancionada por Deus, no momento da expulsão do Éden.

Lembremos a bíblia:

o homem desobedeceu por querer ser igual a Deus, por ter “comido” simbolicamente, o fruto da árvore do conhecimento, passando a distinguir o Bem do Mal, fruto que afinal não era uma maçã real, nem sexo real como o representa a cultura eclesiástica, a cultura popular e também Aronofsky, mas não o texto da bíblia se diretamente consultado o que eu aconselho.

O dilúvio é a história do Castigo de Deus, salvando Ele os animais inocentes e é também  isso que Aronofsky nos lembra neste filme genial mas inflacionado em temas, todos primeiros na história da construção do homem.

A "criação de Aronofsky"

No filme existe um episódio, de todo estranho à história do dilúvio e da arca de Noé, episódio de sabor abraâmico, digamos:

ii)Tal como o Abraão bíblico, que  vai matar o filho a mando de Deus, como sinónimo de fé absoluta, o Noé  fílmico irá matar as netas  a mando indirecto de Deus, como prova sua fé e obediência absolutas, na missão de extinguir o homem e salvar os animais.

Horror, digo eu.

 No filme, Noé pára a execução porque se emociona ao sentir amor pelas netas, as duas fêmeas humanas que faltam à futura reprodução do homem, da humanidade.

Ou seja, Aranofsky inverte a hierarquia da Bondade,a outra face da Maldade, o homem é melhor que Deus-

Isto sim é revolucionário  no domínio da História Primeira.


Será    esta a razão porque o filme foi proibido nos países árabes?

Trata-se de um momento muito mobilizador da atenção e emoção dos espectadores, interessante sob o ponto de vista da intensidade dramática: na sala do cinema instalou-se um silêncio profundo e gelado, tendo todos os mastigadores de pipocas cessado a sua ação ruminante.

Se esta não é a prova da existência de Deus é, certamente, a prova da existência de Aronofsky.

terça-feira, 8 de abril de 2014

“O regresso a casa” Harold Pinter, no D Maria II

“O regresso a casa” Harold Pinter, no D Maria II

A acção inicia-se com o regresso a casa de Teddi (Ruben Gomes)   em visita aos  dois irmãos e  ao pai Max, pensionista pobre    (João Perry) visita de apresentação da sua mulher Ruth , mãe dos seus três filhos.

Até aqui temos a banalidade.


O irmão  de Teddi, Joey é um  pugilista modesto ( João Mamede) o outro irmão é agenciador de pequenos negócios, tais como a prostituição  de bairro.  O irmão de Max, o pai, é motorista de táxi  (Jorge Silva Melo) alminha que morre subitamente, sem provocar , tal facto, nenhum sentimento.

Aqui começa o distúrbio.

Se as personagens são  pobres em  recursos financeiros, já a casa  da família onde tudo se desenrola é indiferente, não é pobre, não é rica. Esta foi a escolha do encenador.

Tudo começa com um diálogo  infra- matinal, entre o pai Max e o filho agenciador, ambos sentados na sala, de manhã.

No diálogo não parece haver  intenção de agredir, nem do pai, nem do filho, mais parecendo  a conversa uma altercação  doméstica e pateta.

Joao Perry opta por um dicção arrastada, quase demente, entre-cortada por picos de voz  estremecida, emocionados , sem que o texto o justifique, picos muito rápidos, enfatizando, talvez, o absurdo que  adivinha.

Esta composição da personagem por Perry não nos parece feliz, já  que seria expectável alguma sacralidade dramática nos dizeres do pai, dono da casa, chefe do clã,  muito irritado com as ninharias matinais  do costume, mas mesmo assim o pai.

Elementos fora do ambiente:

Teddi faz a diferença, com o seu fato impecável e perfil  discreto, homem de poucas falas que  fala pouco, por sinal.

Ao despir e ao vestir o seu sobretudo branco de um comprimento e sumptuosidade notáveis, mais parecia  aquele sobretudo  um paramento.

Este filho Teddi, professor universitário nos EUA, doutorado em Filosofia, introduz o elemento de  diferença de classe social nesta família: a grande tensão, que se aproxima, fica assinalada.

 Porém, nenhum tema  da filosofia do dia a dia  é da  especialidade de Teddi, não respondendo, por isso ao irmão agenciador  de prostitutas, que formula perguntas muito bem estruturadas, todas sem resposta...

Será a mulher deste irmão Teddi que  resolve não partir com o marido para junto dos três filhos , nos EUA, ficando na casa da família, em Londres.

A mulher irá, pelo menos assim decide, depois da partida do marido, dedicar-se à prostituição, em benefício  da família do marido, pai e irmãos.

Este projecto surge do nada, na vida do casal visitante, mas no decurso da peça vamos perceber que não levanta qualquer tipo de conflito.

Na perspectiva da cultura ocidental tradicional, em que a pobre da Eva depois de seduzida pela serpente, se dedica, em exclusivo, a Adão  e aos benefícios do lar cristão, que corresponde à continuação do Jardim do Eden, esta  súbita e inesperada destinação de Ruth  ao Mal - saltamos do reino de Deus para o reino da serpente e do animais rastejantes -  escolha aparentemente desmotivada, deixa o espectador  incrédulo, o que ficou bem  expresso nos fracos aplausos, no D, Maria ll, espectadores  onde eu me incluía.

Sendo a peça de 1963, é de acreditar que Pinter tenha invertido o texto, como se  lhe tivesse apetecido  saltar da cultura à contra-cultura. Era assim nos anos 60. Saltar da fotografia ao negativo .

Porém, neste momento , em Portugal seria mais  aceitável, menos absurdo  para o público que a pobre senhora, a Ruth, se  tivesse decidido dedicar  à prostituição para sustentar a família do  seu marido Teddi. o que daria oportunidade a mostrar como a mulher é um ser solidário,  em tempos de crise....

Por alguma razão ele, Pinter  é um cultor do absurdo. Segundo  Esslin, 1961. o teatro do absurdo  esforça-se por expressar o sentido do sem sentido, escola  em que se insere Pinter, como sabemos.

E que bem conseguido foi!

 A teatralizarão do absurdo é algo que faz bem a todos. Disso não temos dúvida.

Mas para celebrar Abril parecer-me-ia dispensável somar mais absurdo ao absurdo.

Pinter foi prémio nobel da literatura em 2005. Mas porque não um autor nacional?




quarta-feira, 2 de abril de 2014

Por um fio, uma nesga



É frágil, leve, sem consistência a  linha que separa a vida da morte.

Um raio, um carro desgovernado, um embate  e a luz apaga-se para sempre.

Esperamos ser , sempre, a unidade que se salva ...e lutamos para , ainda amanhã, ver o sol

Por um fio......

domingo, 2 de fevereiro de 2014

A relação " escondida"


«Ao encontro de Mr. Banks»



Ficha Técnica
Realização

 
Ator / Atriz

 

Dr. Freud anda   à solta neste filme, embora não conste da ficha.

 A estrutura do filme revela ter uma  forte  inspiração psicanalítica.

 A  escritora, Mrs Travers (Emma Thompson) tem dificuldades em vender, no caso a W. Disney, him-self- performado por Tom Hanks- os direitos da produção do filme “Mary Poppins ” venda que acabou por acontecer, como sabemos.

Esta relação de venda esconde, aqui está o segredo do filme, uma outra, a  progressiva relação terapêutica, entre W Disney, que assim comprova um excelente desempenho como americano que    preza ser,  descobrindo  ele, Disney, passo a passo, nas negociações “ o que não está a funcionar” na cabeça e coração da vendedora Travers, ou seja, porquê as resistências à venda dos direitos.

Ora, todos sabemos que uma relação terapêutica esconde sempre uma relação amorosa, mas como relação casta, pois senão perderia a dimensão analítica.

 Por outras palavras, Disney não  copula com Travers, não pratica sexo mas descobre os  segredos  recônditos dela.

Por isso, vai aparecer a infância da escritora- a estética da infância é agradável, em contraponto com a violência do relacionamento da menina, a pequena Travers, com o meio familiar, onde a figura do pai é esmagadora, não fosse Adão um homenzinho de muitos recursos. E pensar que andou Deus metido na repartição de poderes, entre os seres do Éden.

E a serpente entrou na relação do pai com a menina? Tal acontecimento parece-me sugerido, no passeio a cavalo  de ambos e no facto de o pai simular que a menina “estava a pôr ovos” depois do passeio , como pretexto para desobedecer à mãe, figura tão resignada e silenciosa.

A isto chama-se  incesto, o que afastaria desde logo, o filme da corrida aos Óscares. Então  a nação americana  não será um  conjunto de pais normais?.

Mas é um bom filme.Se puder veja-o. Convém não ligar a isto dos Óscares.


quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Scorcese, o Lobo de Wall Street e os Oscares.


Scorcese,  o Lobo de Wall Street e os Oscares.

Segredos ? Golpadas?

ou

Golpadas em segredo ?

Eis a sinopse do cartaz comercial, aliás, mal feita:

"A história verídica do corretor da bolsa nova-iorquino Jordan Belfort. Do sonho americano à ganância empresarial. Belfort passa de ações de pouco valor e dos ideais de justiça para as OPV e uma vida de corrupção, no final dos anos 80. O sucesso excessivo e a sua gigantesca fortuna aos vinte e poucos anos, enquanto fundador da corretora Stratton Oakmont, deram a Belfort o título "O Lobo de Wall Street".

A verdadeira sinopse sou eu que lha ofereço:

Ei-la: 

Jorden Belfort é corretor, na bolsa .  Até aqui nada de especial. 

Consideremos, porém, que  a bolsa, o mercado de acções , dito de outro modo, é  frenético , tudo é permitido, desde que as acções sejam vendidas pelo melhor preço, independentemente de representarem um valor  diferente ou serem lixo.

Neste mundo onde se vende, no limite,  até  lixo por altíssimo  preço, aos corretores é-lhes exigido que se esqueçam da alma e vivam pendurados ao telefone, até  à exaustão, persuadindo os incautos a comprar, a comprar,  num dia sem fim.

É este inferno frenético que vai tomando conta de todos, progressivamente, até assistirmos à galopada  das drogas,  da empíria,  da total ausência de regras, até percebermos que pagar um preço para sair dali, qualquer um, por mais alto que seja   será sempre irrisório.

Vale a pena assistir a esta viagem de Jorden Belfort  (Leonardo DiCaprio)

A segunda parte do filme é perfeita. A primeira é excessiva e chata. 

Resista à primeira parte e verá que vale a pena ver a segunda.

Este filme merece o Oscar  da Academia ,   Leonardo DiCaprio também  merece pela magistral interpretação.

E fique bem....




quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

A Golpada- não é ficção é a pura realidade

Filme de O. Russel

Eis a sinopse:

"Situado no fascinante mundo de um dos escândalos mais impressionantes que abalou os EUA, Golpada Americana é uma ficção sobre a história do brilhante vigarista Irving Rosenfeld, que em conjunto com a igualmente astuta e sedutora Sydney Prosser se vê  forçado a trabalhar para Richie DiMaso, um alucinado agente do FBI. DiMaso empurra-os para o mundo vigarista e mafioso de Jersey que tem tanto de perigoso quanto de aliciante. Carmine Polito, é um apaixonado e volátil político de Jersey que acaba envolvido nesse universo de polícias e vigaristas. E Rosalyn, a imprevisível mulher de Irving, poderá ser aquela a puxar o fio que fará todo este mundo"
.

Rosenfeld e Sidney são vigaristas e são obrigados a trabalhar  por  Richi Dimasio - para o FBI.
Richi também é vigarista à sua maneira, pois apenas deseja  aparecer no telejornal  com a caça, a mafia e os políticos corruptos de N Jersey.

São todos iguais. A própria mafia na figura de Carmine é simpática, bem intencionada, consciente que sem dinheiro não há obra, por aí fora.

O FBI é um vigarista institucional , comprovado no carácter dos  agentes. Richi  troça de todos  e maltrata os colegas,  rindo às gargalhadas....quando consegue ultrapassá-los , na sua alucinante esperteza.

Fazem dos outros e de si próprios actores medíocres . Ninguém é o que é.Todos representam um papel, usam a máscara, são conspirativos, tem duas ou mais caras. são não uma ficção mas a realidade.