FICHA ARTÍSTICA de Edward
Albee tradução Marta Mendonça encenação Manuel Coelho cenografia F. Ribeiro
figurinos Dino Alves desenho de luz José Carlos Nascimento música original José
Salgueiro com Catarina Avelar, Inês Castelo-Branco, Paula Mora e José Neves
assistência de encenação José Neves produção TNDM II
O drama:
Albee, ele próprio, como personagem entra em
cena: olha para a mãe acabada de
morrer (Catarina Avelar) e fica sentado no leito, mudo durante toda a peça, de costas para
nós.
Na mente do «autor – personagem» trespassa a voz da mãe de Albee, num percurso recordatório: esta é a narrativa, onde cabem as três personagens a mãe-velha , a mãe-madura e a jovem-mãe. Não é fácil.
Através dele, do «autor-personagem» « ouve-se»a voz de cada uma das três.
Albee lembra a mãe, como mulher
velha e nós ouvimo-la a falar dos
momentos felizes da sua vida acabada, sobretudo dos infelizes, do sexo da sua vida, em que o seu homem,o marido, é um Ser lá no fundo da
realidade .
Simbolicamente, o marido oferecer-lhe uma jóia, uma
pulseira pendurada no seu, o dele, órgão genital. Patético para ele e para o género masculino, em geral.
Este acessório , a pulseira assume a
centralidade da cena que de
potencialmente erótica passa a ridícula.
A «outra mãe» , esta na maturidade dos seus 52 anos, é irónica, troça das outras como como se nunca tivesse tido sonhos, contrastando com a mulher velha, já desligada do tempo mas sobretudo com a jovem, cheia de sonhos,esta um anjo diáfano e magro (Inês
Castelo Branco) que deambula, vai deambulando….no palco.
As mulheres são na peça a pátria dos homens, seres estes sim, animados, voláteis, sem eira nem beira, segundo elas.
A peça acaba como acaba irreversivelmente a luz da vida , representada no lustre a cair levemente sobre o
chão do palco.
Neste momento, morrem as três mulheres que são afinal uma só, como sabemos.
A filosofia existencialista
está bem simbolizada nesta luz cadente. A morte das mortes, sem mais nenhuma chance.
Parabéns a todos,
especialmente a Manuel Coelho .
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