A hipocrisia social, HS, uma entidade tão respeitável como outras!
O Estado e suas Instituições são a forma suprema de HS !!!!
O reconhecimento social do valor da produção artística ,Óscares inclusos, tem uma dose de HS apreciável .
Este ano a Academia cuidou das minorias desprotegidas ,ou será que são maiorias desprotegidas ( onde estás tu ? oh , Estado ?E as tuas instituições ?Perguntas retóricas dão imenso prazer! )
E cuidou da sétima arte ? Onde estás tu Academia ?
Leo de Capri protagoniza uma perseguição a um elemento da expedição de caçadores, através do território gelado do Canadá.
Foi muito maltratado por um urso e esse outro caçador, o que viria a ser perseguido, enterrou-o vivo e aparentemente Leo renasceu para se vingar dele.
Penso que esta leitura está errada, profundamente errada !!!!
Glass, Leo, atravessa o território gelado procurando o quartel , no meio do gelo e o seu assassino.
Que difíceis condições de sobrevivência criou Ignarritu !!!
Mas esta perigosa travessia ocorreu para que o destino colocasse a vida do criminoso , nas mãos de Deus, nas mãos de um grupo de índios que foram afinal os mediadores naquela morte. E aqui está a diferença entre o que poderia ser Vigança e o que foi : Justiça divina, diria Glass , um bravo soldado.
Glass tem a candura e inocência dos heróis dos livros de quadradinhos, do Far West.
Não é assassino , tem regras de vida ( e morte) é um soldado da fundação da América
Também não massacrou índios , é um deles, ama uma Índia e o filho de ambos e revive esse profundo amor ( a dor do amor essencial )toda a caminhada .
Glass cumpre códigos : é um americano
Este americano fala- nos da fundação da pátria Americana e dos dignos padrões da fundação .
Por isso, vai directo ao coração do júri dos Óscares , só pode!!!!
1-Este é o mote para o argumento de Charles Randolph e de Adam Mckay.
A ideia do filme será:
- denunciar o carácter fraudulento do sistema bancário, nacional (s) e internacional, agências de rating incluídas.
- provar a fatalidade da existência destas entidades, bancos e agências de rating, no sistema capitalista, sistema que só não vai ralo abaixo com WS,
porque cá estão os povos, os inocentes, os contribuintes, a pagar... as dívidas internacionais. ...conhecemos a história.
2-Wall Street cai , em 2008, mas não o sistema que a gerou e a vai regenerando, todos os dias,com o tal "do capitalismo" a ajudar, de que a agências de rating são os anjos da guarda
Muitas tropelias acontecem, no filme, para tudo acabar mal , sempre da mesma forma, a saber:
um resgate, os contribuintes que paguem aos resgatantes , os pensionistas que o façam e os empregados que virem desempregados, pois que os bancos arrastam tudo e todos na mesma queda, acabou-se esta edição do Carnaval, para o ano há mais.
3-Claro que há meia dúzia que enchem os bolsos com a crise - esta é a de 2008 , as suas ondas ainda se sentem!!!
Os "vencedores" os sobreviventes, os da " grande aposta" não seguem o rating
São, afinal, os que fazem o bom diagnóstico são os que perceberam que o "monumento" WS, ia cair.... todos estavam a apostar no cavalo errado, segundo o rating, em vigor , eh, eh grandes parvos...
Os espertos foram os que olharam para o rés-do-chão, ou cave, do edifício de WS e perceberam que os bancos ao concederem empréstimos de longo prazo a compradores de casas, não faziam a análise de risco,
pelo que muitos, mas muitos, mesmo, já não pagavam os seus empréstimos.... ( Christian Bale , o grande esperto, o grande apostador, o médico, detectou os incumprimentos, de forma solitária mas obstinada)
Os incumpridores foram, eram, digamos, os "gatos" escondidos no edifício de WS, na cave, que tinham começado "a miar " mas só meia dúzia ouviu!!! .
4-Tijolos a cair , gente aos berros... toda a WS se transformou numa enorme barulheira, o que está bem retratado no filme.
Os créditos hipotecários que, naquela modalidade de grande risco, eram recolhidos pelos bancos, eram produtos carregados de grande incerteza quanto ao cumprimento da obrigação garantida.
Estes maus produtos eram os escolhidos pelos investidores (as agências de rating também se enganam (?) é a mensagem final)
Trocar as verdadeiras incertezas (os "gatos" do sistema) por falsas certezas ( as "lebres" do dito, produtos confortáveis, onde todos tinham vontade de apostar, mas tóxicos ) era e é, a alma do negócio de Wall Street, quiça a alma de todos os negócios
(sigam o enredo da formação desta vontade em Daniel Kaneman"Pensar depressa e devagar")
5-"o que parece é" é o axioma de WS, dos investidores comuns e histéricos, não de Bale, o grande esperto!
Neste capitalismo de " ou matas ou morres" não há bons nem maus , há "vivos" e "mortos"
Comprova-se a verdade do velho aforismo:
"se aqui há gato...." então "... trancas à porta" vota contra, aposta contra....
Espero que o filme fique fora dos Óscares mas entre no ensino regular da economia.
Na primeira parte o jovem Zach - uma masculinidade promissora- e a mãe (viúva recente, do pai de Zach) mudam-se para uma vivenda, para uma casa cheia dos ruídos da madeira de que é feita, uma casa envolta na sinfonia das folhas nervosas das árvores que a escondem, uma casa abandonada num subúrbio sem luz, de uma cidadezinha , algures, nos States.
As casas são sempre um abrigo, são amigas, mas também tem destas coisas, são
ameaçadoras, cheias de sombras e pronunciamentos, como esta.
Irá Zach o herói americano, podendo ter outra nacionalidade, vencer os medos , encontrando a sua, dele, Princesa, e pacificar a América e o mundo, povoando-o ?
Este é o plano do filme, dar um sim a todas estas questões.
Os adolescentes, efetivamente presentes na sala, tem, no filme, todos os elementos que irão ser reutilizados , reciclados, nos respectivos futuros, vezes e vezes sem cessar.
2- Quem abriu o desfile dos " medos" " dos monstros" ?
O Pai da história , o -único- pai- desta- história, pai da princesa que é, a princesa, afinal, um holograma benigno, belo e meigo, que ele próprio, o Pai, criara, por se sentir só ( as coincidências não são meras coincidências, no caso, são o mapa do Genesis, no seu núcleo inspirador) .
Quem criou os "medos" os "monstros"? O Pai, naturalmente ( as coincidências!!!)
.
3-Vestindo cada "medo" a pele de um boneco, a pele de um monstro poderoso, melhor dizendo, como é que Zach se "safa" deles todos?
No Mundo Jurássico (2015) Trevorrow já inventara a solução : seres tão poderosos ( como os então, dinossauros) e agora os" monstros" destroem-se uns aos outros ,
fatalmente e só por isso , morrem.
O padrão do "terror adolescente" tem um " acabar bem" subsequente a uma grande tempestade , em que depois de tudo ficar à beira do fim, de repente, tudo fica bem, tudo fica limpo, como por magia,
O mundo adolescente é melhor que o mundo infantil , no que respeita ao seu terror: os adolescentes já estão crescidinhos o suficiente para "herdarem" um mundo limpo, esta é a mensagem
O terror infantil não é um terror infantilizado, pelo contrário é uma forma adulta de terror , uma estratégia dos adultos de cada geração, muito séria, de fragilizarem os espíritos ( zinhos) infantis que habitam o outro lado do mundo.
O medo tem uma função social, sem dúvida.
Será mesmo uma forma bastante civilizada de educar, ironia à parte.
Civilizada porque é naturalmente sofisticada; o veículo da sua dissiminação é uma voz mais ou menos carinhosa «a voz da mãe» , desde logo, um certificado de garantia do afeto, em causa : « ao ouvires este conto do Papão, esta lenda, nada de mal te acontecerá, pois que é a tua mãe que to conta- parte positiva- porém uma vez que lhe desobedeças, à mãe, vais ser tragado por este monstro o Papão ».
Esta reminiscência antropofágica « vais ser comido, vais ser tragado» é letal, no mundo físico, como sabemos.
A criança morrerá, por certo, porém, ao ser incorporada no monstro, no seu estômago, ela irá ressuscitar em outra vida , uma vida extraterrena, do lado do Mal, da transgressão ...
Por isso, acredita-se que estas crianças quando adultos vão ficar a deambular entre dois ou mais mundos , um pé cá , outro lá e por aí fora.
Assim o ser humano, como uma partícula da humanidade terá como seu destino, ou ser tragado , ou virar um pequeno mefistófeles , em crescimento, ou ficar petrificado, imobilizado, no colo da mãe, se obediente.