domingo, 7 de fevereiro de 2016
terça-feira, 26 de janeiro de 2016
Juventude ,2015, Paolo Sorrentino
Juventude
2015
Paolo Sorrentino
canção simples David Lange
A lentidão, o silêncio, a música, um fluir lento que, por vezes sobe de tom, rápido, até atingir um clímax que projeta um espaço vazio à sua frente e morre, como Mieke Boyle ( Harvey Keitel) o fará , na narrativa, ao cometer suicídio.
O outro " velho" é Michel Caine, o maestro reformado, que passa férias com Mieke no hotel luxuoso dos Alpes,
Mieke Boyle não vai resistir à rejeição por Brenda (Jane Fonda) sua diva, de sempre e reagirá como um adolescente desiludido.
Boyle sendo velho é afinal um jovem" imaturo" que escolhe a morte depois da emoção da desilusão tomar conta dele.
Quanto a Ballinger, Caine, ao aceitar reger a sua " Canção simples" apaixona-se pela nova soprano enterrando a sua musa Melanie : o eterno retorno ao amor terreno!
Biblicamente é o homem que está vocacionado para ser feliz, do ponto de vista das emoções terrenas , não a mulher que está velha, demente e cega , falamos de Melanie.
Por fim, é mesmo Sorrentino que nos liberta do filme, da rotina daqueles dias e nos permite levantar voo com o som magnífico da sua "Canção simples".
Só aqui chegados fomos libertos , só no fim se celebra a liberdade.
sexta-feira, 22 de janeiro de 2016
terça-feira, 19 de janeiro de 2016
Joy ganhará um Oscar?
Joy: um nome de sucesso
1-O filme de David Russel é uma comédia dramática biográfica, lançado nos EUA em Dezembro de 2015 (filmes anteriores The Fighter, 2010, Silver Linings Playbook (2012) e American Hustle , 2013)
Joy (Jennifer Lawrence ) é a ex de um ex (Edgar Ramirez ) que partilha a cave da casa com o pai dela ( Robert de Niro)
Toda a família de Joy vive na mesma casa: a mãe passa o seu tempo deitada a ver novelas, a televisão assume a centralidade da sua vida (" pobreza"? tédio?...)
Mimi a avó de Joy, que sendo a mais velha do grupo é a personalidade mais estimulante, os filhos dela, a irmã , etc todos moram na casa.
Mesmo a namorada do pai (Isabella Rossellini) uma viúva rica, cujo dinheiro servirá para financiar o projecto de Joy - capital financeiro para criar produzir , distribuir e vender a nova esfregona para a limpeza dos lares americanos- vive com o grupo familiar as questões mais importantes, como a vida de Joy.
A casa é grande, a família também, mas apesar de tudo não me pareceu disfuncional, caótica é certo, mas solidária , bizarra nesta opção (?) da partilha do espaço, talvez o baixo rendimento tal o explique, embora o pai pareça ter uma razoável situação..
O destino de Joy será partilhado pelo grupo, tal como a casa.
2- A televisão, como instituição social, acaba por ser uma espécie de cimento - discreto, fraco. anêmico - aglutinador funcional da história, atividade trazida à cena por Bradley Cooper, simpático e cheio de glamour, como sempre
2- A televisão, como instituição social, acaba por ser uma espécie de cimento - discreto, fraco. anêmico - aglutinador funcional da história, atividade trazida à cena por Bradley Cooper, simpático e cheio de glamour, como sempre
Porém, o verdadeiro agente desta história é (o pequeno, no caso ) " capitalismo americano", a que Joy empresta a cara, a que se junta a tal televisão, uma parceria muito frutuosa.
Como princípio, a televisão é um catalisador na expansão do sistema, através da publicidade e dos processos de identificação que gera na vida econômica dos produtos.
O filme relata esta realidade, de forma bastante insípida, diga-se!
Já a história parece queixar-se, com alguma razão, dos advogados, seres diabólicos, que fazem a vida negra a Joy, o que também é um lugar comum, no tratamento popular da figura, de advogado.
O filme relata esta realidade, de forma bastante insípida, diga-se!
Já a história parece queixar-se, com alguma razão, dos advogados, seres diabólicos, que fazem a vida negra a Joy, o que também é um lugar comum, no tratamento popular da figura, de advogado.
Joy é simpática aos nossos olhos porque representa o trabalho e as suas dores, socialmente falando, como elemento do sistema É um drama o cair no desemprego sem poder sair dessa situação de forma aceitável,drama compreensível a todos e talvez vivido, por cada um, alguma vez nas suas vidas.
Joy é, por um lado, o elo mais fraco , corporiza o drama social dos trabalhadores e dos micro capitalistas, em que se tornou, mas, também é o elo mais forte, na história, pois é o pilar da excêntrica e (falida?) família.
É esta tensão acumulada que dá força à personagem central, Joy é uma vítima santificada, afinal !
Digamos, porém que este cliché, vítima santificada, é excessivo e quase afunda o filme.
Joy é, por um lado, o elo mais fraco , corporiza o drama social dos trabalhadores e dos micro capitalistas, em que se tornou, mas, também é o elo mais forte, na história, pois é o pilar da excêntrica e (falida?) família.
É esta tensão acumulada que dá força à personagem central, Joy é uma vítima santificada, afinal !
Digamos, porém que este cliché, vítima santificada, é excessivo e quase afunda o filme.
3- Depois do seu sucesso pessoal chegar, vende imensas esfregonas, transforma-se, ela própria, num elemento salvador para as outras mulheres populares , ajudando-as de uma forma piedosa a sair da pobreza, do desemprego.
Ela agora conhece as manhas do capitalismo. e ensina-as.
Ela agora conhece as manhas do capitalismo. e ensina-as.
O filme tem demasiados ingredientes, como a casa tem demasiadas pessoas!
Jennifer Lawrence é uma mulher muito bonita , porém demasiado jovem para o papel de Joy , ganhará o Oscar pela sua beleza natural, digo eu.
Russel aposta na notoriedade de De Niro e Bradley Cooper, personagens laterais, mas não chega para termos um filme.
O filme tem elementos a mais que se anunciam para logo se desvanecerem .
Não chega sequer a haver um verdadeiro filme mas "acontece" um catálogo de temas !!!
Não chega sequer a haver um verdadeiro filme mas "acontece" um catálogo de temas !!!
domingo, 3 de janeiro de 2016
Timbuktu (2014)
I-De que fala Sissako, em Timbuktu?
Uma estética avassaladora:
Uma estética avassaladora:
Em território ocupado pelo radicalismo religioso, fala Sissako, aparentemente, da violência da ideologia totalitária exercida em nome da religião, sobre a aldeia.
Aqui Deus chama-se ALÁ e os seus guerreiros são um terror para os aldeões.
Na verdade e mais profundamente, fala da injustiça na sua dimensão terrena e divina, sendo os "soldados" um mero instrumento da sua demonstração e o tribunal da aldeia também. ambos igualmente maus , perniciosos e profanos.
Fala mais propriamente, da quebra de contrato entre
os Homens
( ou homens, vá-se lá saber se a letra deve ser maiúscula!)
e
o Deus, que aqueles prometem amar infinitamente- cada frase dos aldeões é sempre seguida ou antecedida de : seja feita a Sua Vontade-
o Deus, que aqueles prometem amar infinitamente- cada frase dos aldeões é sempre seguida ou antecedida de : seja feita a Sua Vontade-
Em troca, esperam. apenas ( em vão) não ser castigados injustamente
Mas Deus não cumpre, pelo menos o Deus dos aldeões a quem destina o terror dos soldados e a maldade dos juízes ( tribunal)
A grande perda sentida no filme é a perda da esperança na Justiça que é divina por definição mas precisa dos homens da aldeia ( o tribunal dos aldeões é tão tosco quanto cruel) para se mostrar, (senão ficaria, para sempre presa ao Cogito)
Que seria de Deus sem o concurso dos homens, nesta lide da (in)justiça?
Este filme é , pois, sobre a (in)justiça na sua dupla vertente divina e humana e sobre a maldade revelada dos homens.
II-O povo em causa é constituído por uma tribo nômada do norte de África , a pastorícia é a sua base de sustento.
A civilização " exportou" para lá livros, telemóveis, e outros instrumentos que lhes são, tão intensamente estranhos quanto entranhados.
Mas nem por isso os homens ( do poder) melhoram.
III-Por lá , há a harmonia da Natureza ( divina!) apesar dos « soldados de negro» e do tribunal, os homens e mulheres da aldeia vivem felizes , há muitos afetos e é no giro dos afetos e dos dias que vivem todos a ser felizes, a jogar à bola, a ouvir música , etc, a pastorear rebanhos, a amar os filhos e as filhas e as até a saborear a doce amizade dos animais.
Agora a parte negra:vivem cercados pelos " guerreiros do deserto", pelo o poder das armas, poder que abala,destrói , exclui a harmonia e o verdadeiro poder , o de Deus.
Os «guerreiros» vestem as fatiotas negras habituais nestas andanças , metralhadoras topo de gama, jipes topo de gama,bandeiras topo de gama, negras esvoaçantes, no alinhamento estético do EI.
Não há, na aldeia, uma casa de Deus , para rezar, celebrar o culto, ou descansar; na aldeia é tudo muito pobre, sendo o tribunal a única casa da comunidade e a prisão anexa, naturalmente,
A única «habitação» estável, a merecer o nome, é mesmo a prisão ( em cujos corredores funciona o tribunal)
IV-Agora a questão é ; qual é o crime, em julgamento?
.
Adultério ? Impossível , tal demonstraria que os homens seriam maus ; seria esse o plano de Deus, para os homens bons , como os da aldeia? Parece-nos que não.
Adultério só nas hostes dos « guerreiros do deserto» que um deles mostra-se bastante interessado numa esposa da aldeia , sem sucesso
Se o leitor quiser saber qual é o crime, em concreto, terá de ver o filme , o que se aconselha.
Adianta-se que é um homicídio de um aldeão contra outro.
Mais não se pode dizer.
Aconselhável a estudantes de Direito e de Antropologia e ao Bom Gosto, em geral
Oiça o maravilhoso fundo musical
Oiça o maravilhoso fundo musical
e a entrevista
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